terça-feira, 18 de outubro de 2016

Escrito em 11 de Outubro de 2016

Ele sentou ao meu lado, paciente, e soltou as palavras que nunca mais saíram de dentro de mim:

“A anarquia não tem espaço pros fracos. Anarquia é para os fortes.”

Eu o entendia. Sem tempo para descanso ou comodismo, o preço da liberdade e da qualidade de vida era alto. Talvez, se eu e meus colegas lutássemos a partir de agora, um dia nossos netos veriam uma ponta do que é um mundo melhor. E isso só ocorreria se nossos filhos e os filhos deles continuassem lutando, continuassem lutando pela briga que compramos.

Hoje, anos depois, apenas sonhos frustrados. O que fazer contra um mercado que consegue vender QUALQUER COISA? Eu vi minhas ideias iniciais se tornarem fonte de renda dos outros, a união se tornou apenas uma lógica propagandista. Nós queríamos derrubar todos os ídolos e agora alguns de vocês são os mais novos idolatrados.

Sinto-me impotente, como se me faltasse partes de mim. Por um tempo houve quem estava ao meu lado, e estas pessoas eram meus braços e pernas, assim como eu era os delas. Juntos, éramos um corpo forte, capaz de construir. Mas nada nos restava agora. Eu não sei bem o que foi que nos separou, se foi a exigência do mundo em que vivemos ou se foram as frustrações do caminho. Nos mutilaram. É porque fomos fracos.


Nossos avós já começaram a luta, há tempos. Se hoje nos derrubaram é porque antes disso paramos de lutar. Esquecemos-nos de onde viemos e fechamos os olhos para onde querem nos mandar. E eles querem é nos mandar de volta.